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A ORIGEM DA ALMA OU
ESPÍRITO -- 17/05/2001
O fenômeno mental do
sonho levou o homem pré-histórico a supor uma existência humana
independente do próprio corpo. E, não obstante toda a evolução em
conhecimento psíquico, após tantos milênios essa entidade imaginária
ainda permanece viva na maioria dos cérebros, sendo chamada de alma ou
espírito. Ao sentir-se em lugares distantes, realizando os mais diversos
feitos enquanto permaneciam inertes durante o sono, esses humanos
primevos, sem compreenderem o fenômeno onírico, acreditavam estarem
realmente naqueles lugares. E como eram vistos dormindo em suas cavernas
por seus familiares, a única explicação que encontraram foi a existência
de um lado imaterial de cada pessoa. Hoje, já se sabe um pouco
sobre o mecanismo dos sonhos. Contundo, muito gente ainda acredita
que exista essa alma independente do corpo.
O que esses nossos remotos ancestrais não observaram, e até hoje há
muitos que não observam, é que, enquanto um indivíduo, em sonho, se
achava a carregar para sua caverna a fêmea preferida, poderia essa
mulher estar, também em sonho, vendo-se espreitada por outro troglodita,
e esse, por sua vez, até estar sonhando com uma implacável perseguição
àquela caça necessária para o seu jantar. Para comprovar esse fato,
basta você, ao sonhar com alguém, perguntar no dia seguinte se essa
pessoa sonhou com você. Raramente você terá resposta afirmativa, e a
coincidência de fatos dos sonhos tem muito menos probabilidade do que
acertar em uma loteria. Isso é uma das provas incontestes de que o sonho
é apenas imaginação. Se essa alma existisse, encontrando com outra alma
no sonho, teríamos cem por cento de reciprocidade, ou seja, quando você
sonhasse com alguém, esse estaria inevitavelmente sonhando com você.
Outra prova igualmente concludente de que o sonho constitui-se apenas
impressões mentais é que, quando sonhamos com uma pessoa que conhecemos
na infância, nunca a vemos adulta, mas vemos aquela criança que
conhecemos no passado. Se não fosse simples impressão na massa cinzenta,
mas a suposta alma, sonharíamos com a pessoa tal qual fosse à época do
sonho. É até possível que tenhamos no sonho a imagem da pessoa adulta,
uma vez que imaginamos como deve ser a pessoa atualmente, mas raramente
isso acontece, pois o sonho retrata mais aquilo que vimos do que aquilo
que imaginamos ser. Já sonhei com pessoas de quem alguém me tivesse
falado, todavia sempre vi uma imagem diferente da que encontrei ao
conhecer posteriormente tais pessoas, o que constitui mais uma prova
induvidosa de que não encontrei a pessoa, mas fiz uma imagem em minha
mente. A crença na existência da alma imaterial tem sido objeto de
discussão, e continua sendo até‚ hoje, ocupando até cientistas, que
procuram uma explicação para o que as pessoas chamam de “viagem fora do
corpo”. Os que tiveram experiência muito próximas da morte, quase
sempre, afirmam terem-se sentido viajando dentro de um túnel, com uma
luz muito brilhante no fim, após o que encontraram coisas bonitas e
pessoas conhecidas já mortas.
Os animistas tem considerado como evidência de sua crença esses
fenômenos ocorridos com pessoas que chegaram quase à morte. Essas
pessoas comumente têm a impressão de terem viajado por um túnel e
chegado a um ponto onde sentiram grande prazer.
“A psicóloga Susan Blackmore explica que "em situações extremas,
milhares de células do cérebro disparam uma seqüência aleatória de
impulsos elétricos e luminosos. Como no córtex visual há uma
concentração maior de células, daí pode vir o efeito de túnel que as
pessoas descrevem. É uma luz muito, muito brilhante, que não fere os
olhos; pois não é vista com os olhos; é um fenômeno interno. Os
sentimentos de paz e alegria, ausência de dor, são, provavelmente,
devido a endorfinas, semelhantes a morfina, que o cérebro produz. Todos
os tipos de stress e as quedas de oxigênio e pressão podem provocar uma
enchente de endorfinas; e elas produzem uma sensação maravilhosa".
Charles McCreery, do Instituto de Pesquisas Psicofísicas em Oxford,
conseguiu provocar, em laboratório, experiências fora do corpo. Com
técnicas de relaxamento, ele obteve resultados impressionantes. Uma
moça, perfeitamente saudável, contou ter viajado num túnel, com uma luz
brilhante no fim; e um senhor disse ter flutuado a vinte mil metros de
altitude, vendo Oxford lá de cima. "É mais comum do que se imagina",
afirma o Dr. MacCreery, "uma em cada cinco pessoas já teve uma
experiência fora do corpo". Ele chegou à conclusão de que há um tipo de
personalidade predisposto ao fenômeno: Uma espécie de esquisofrenia
branda.” (Globo Repórter, 13 de agosto de 1993). O testemunho inegável
de que a nossa consciência está no cérebro, e não em qualquer coisa fora
dele, é a perda de memória ou habilidade resultante de acidente que
atinja a massa encefálica. Uma pessoa de quem se arranca uma perna ou um
braço pode até ter um desmaio momentâneo devido à dor, porém conserva
intactas suas faculdades mentais.
No dia em que a ciência conseguir realizar o transplante de cabeça, não
tenho dúvida, o indivíduo que receber a cabeça terá a memória do doador,
embora os atos constantes da lembrança tenha sido praticados pelo corpo
extinto e não o corpo receptor da cabeça transplantada.
Não obstante o primeiro livro bíblico diga que “formou o Senhor Deus ao
homem do pó da terra, e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o
homem passou a ser alma vivente“ (Gênesis, 2: 7), os religiosos, em sua
maioria, acham que alma não é a pessoa em si, mas tal entidade que se
imagina poder desprender-se do corpo. Salomão disse que “os mortos não
sabem coisa nenhuma” (Ecl. 9: 5), e Jó acreditava que o homem “morre e...
enquanto existirem os céus não acordará...”. E lançou a pergunta:
“Morrendo o homem, porventura tornará a viver?” (Jó, 14: 10-14). Mas nem
todos os escritores bíblicos pensaram assim. Pedro escreveu que Cristo,
após a morte, “pregou aos espíritos em prisão”, e deixou mais clara sua
crença animista, dizendo que “o evangelho foi pregado a mortos” (II
Pedro, 3: 19; 4: 6). Não há como dizer que se trata de sentido figurado,
pois os mortos ali mencionados são do tempo em que Noé preparava a arca.
Analisando, minuciosamente, encontramos entre os discípulos de Cristo
até a crença na reencarnação (crença espírita de que um espírito passa
por sucessivos corpos humanos), embora não tenha sido confirmada pelo
próprio Cristo e tenha sido claramente combatida posteriormente pelo
apóstolo Paulo.
Essa divergência encontrada entre os escritores bíblicos decorre de um
fato. Quando começaram a escrever a bíblia, os hebreus não conheciam
essas doutrinas como ressurreição dos mortos, reencarnação, imortalidade
da alma, etc. Não criam em nenhuma recompensa após a morte. Assim é que
o primeiro livro bíblico não diz que o deus criador deu uma alma a Adão,
mas afirma que "lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem
passou a ser alma vivente". O autor do Gênesis não pensava que o
homem tivesse uma alma, mas que ele era uma alma. Todavia, depois de
viveram sob domínios de outros povos, especialmente os babilônios e
persas, os hebreus passaram a crer na ressurreição dos mortos, doutrina
que se tornou o cerne do cristianismo, e outras idéias correlatas.
O reconhecimento de que a fé leva a atitudes e imaginações irracionais
não é coisa de ateu, mas dos próprios religiosos. Observe-se o texto a
seguir:
“Em nome da fé, os homens muitas vezes cometem absurdos que vão de
encontro à moral e à mais simples lógica. A inquisição foi um desses
períodos da história da Humanidade em que se pressupunha salvaguardar a
fé religiosa de um determinado grupo simplesmente eliminando todas as
manifestações contrárias. Para isso, usavam-se todos os meios à
disposição, desde a tortura até a morte.” (Visão Espírita, out./98,
pág. 56). É, por esse poder da fé, que, mesmo após todas as descobertas
sobre a mente e os sonhos, a maioria das pessoas ainda acreditam nessa
alma que o desconhecimento criou.
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